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"Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)"

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Professores denunciam monitoramento; governo de MG nega

Em greve há 92 dias, os professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais denunciaram à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, por meio da liderança sindical do movimento, estarem sendo monitorados por supostos policiais militares à paisana. O Sind-UTE (sindicato dos professores estaduais) suspeita que o monitoramento fosse feito por policiais do serviço de investigação da PM mineira, que faziam plantão em frente à sede do sindicado para observar os dirigentes sindicais.

Beatriz Alvarenga, coordenadora do sindicato, disse que o ato pode ter sido uma "tentativa de intimidação por parte do Estado", mas o governo mineiro e a PM negaram, em nota conjunta, e defenderam as liberdades individuais e de organização sindical.
"A Polícia Militar, que nos seus 236 anos de prestação de serviços à comunidade mineira tem dado provas de inequívoca vocação democrática, é uma instituição que zela pelos mais altos valores de cidadania. Por isso, tem do povo mineiro o reconhecimento do seu trabalho em proteção da vida, das pessoas, das instituições, da garantia do direito de ir e vir e dos preceitos constitucionais, ao assegurar os mais importantes processos e direitos democráticos a liberdade de associação e de expressão, em cuja base repousa uma sociedade justa, livre e organizada."
Diz ainda a nota: "Ressaltamos que a Polícia Militar pauta seus atos pela transparência, não se prestando ao cerceamento de direitos ao realizar o seu trabalho de polícia ostensiva ou de inteligência aplicada à preservação da ordem pública e à segurança dos cidadãos".

Apesar da negativa, o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Legislativo mineiro, deputado Durval Ângelo (PT), e o deputado Rogério Correia, líder da oposição na Casa, querem proteção para os dirigentes sindicais. Essa posição ganhou força depois que os deputados descobriram pelos computadores do Estado, segundo eles, que os carros usados no monitoramento são oficiais. As placas aparecem como de consulta restrita.
Correia conseguiu filmar um dos homens que ficavam perto da sede do sindicato nos últimos dias, segundo ele, numa "clara tentativa de intimidação". Ele abordou o homem, que não revelou o que fazia ali. O homem desceu do Fiat Siena, trancou o veículo e saiu do local a pé.
Durval pretende comunicar o fato à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e pode pedir proteção à Polícia Federal. Os professores vão pedir apuração do fato pela Polícia Civil.

GREVE

A greve dos professores deixa cerca de 1 milhão de estudantes sem aulas, de um total de 2,3 milhões de alunos do ensino fundamental e médio da rede pública estadual. O número é estimado pela federação de pais.
Os professores reivindicam o piso salarial nacional, cuja lei fixou o valor em R$ 1.187 para 40 horas semanais, que deve ser pago pelo vencimento básico, sem incluir as gratificações. O governo de Minas, depois de quase três meses sem acatar a reivindicação, ofereceu na semana passada R$ 712 por 24 horas semanais, valor proporcional ao piso nacional reconhecido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Os professores rejeitaram a oferta sob o argumento de que o valor nivela os professores com nível médio aos que têm curso universitário e pós-graduação.
Em nota publicada nos jornais mineiros nesta quinta-feira, o governo diz esperar que "os professores que participam do movimento do Sind-UTE deixem questões político-partidárias de lado, retornem à sala de aula e cumpram seu compromisso com alunos e pais".
Por sua vez, o Sind-UTE também publicou anúncio dizendo que "o governo do Estado não cumpre a lei federal e acaba com a carreira dos profissionais da educação".

Créditos: http://www1.folha.uol.com.br/saber/972287-professores-denunciam-monitoramento-governo-de-mg-nega.shtml

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