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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Para especialista, poesia de delegado é fraca e sem ritmo

"Até como poesia popular é muito fraco, a única coisa que tem de poética aqui é a rima", disse Antonio Carlos Olivieri, formado em letras pela USP (Universidade de São Paulo) e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação, sobre o relatório do delegado de Brasília Reinaldo Lobo feito em forma de poesia.
Para Olivieri, além de não seguir nenhuma norma de versificação, a poesia não tem ritmo, nem musicalidade. Ele destaca que a maioria das rimas são todas da mesma classe gramatical: "É muito fácil rimar verbos terminados em -ar. Já a palavra tranquilo ficou sem rima, porque é mais difícil".

Nem a comparação com a literatura de cordel ajudaria na classificação da poesia do delegado. "Na literatura de cordel existe um ritmo que aqui [na poesia] não existe. Em geral, o cordel tem versos em sete sílabas, chamado de redondilha maior. Na poesia do delegado cada frase tem uma métrica própria. Ele não observa o rigor formal que a poesia tradicional tem", afirmou Olivieri.

Repercussão


Internautas também recorreram às rimas para comentar o caso. Em comentários feitos pelo público na página do UOL Notícias na rede social Facebook, vários leitores defenderam a atitude do delegado Reinaldo Lobo e também utilizaram textos poéticos para expressar a opinião.
"Não vejo nada demais. Com certeza ele é um poeta frustrado que resolveu ser delegado porque paga mais", escreveu o internauta Elivan Souza.
A "ousadia" do delegado incomodou a Corregedoria da Polícia, que devolveu o texto ao autor, pedindo termos mais tradicionais. "A ideia era mostrar que o delegado trabalha próximo das pessoas e carrega sentimentos", disse Lobo ao UOL Notícias. "Achei que era um texto adequado até porque não existe nenhuma norma que me impeça de escrever como escrevi." O delegado usou versos para informar que o detido na região de Riacho Fundo, a cerca de 20 km de Brasília, tinha ficha corrida e estava em uma moto roubada. “Todas as informações que eram necessárias estavam lá. A contestação é só sobre o formato”, afirmou.

Confira a íntegra do relatório-poético:

Já era quase madrugada



Neste querido Riacho Fundo


Cidade muito amada


Que arranca elogios de todo mundo






O plantão estava tranqüilo


Até que de longe se escuta um zunido


E todos passam a esperar


A chegada da Polícia Militar






Logo surge a viatura


Desce um policial fardado


Que sem nenhuma frescura


Traz preso um sujeito folgado






Procura pela Autoridade


Narra a ele a sua verdade


Que o prendeu sem piedade


Pois sem nenhuma autorização


Pelas ruas ermas todo tranquilão


Estava em uma motocicleta com restrição






A Autoridade desconfiada


Já iniciou o seu sermão


Mostrou ao preso a papelada


Que a sua ficha era do cão


Ia checar sua situação






O preso pediu desculpa


Disse que não tinha culpa


Pois só estava na garupa






Foi checada a situação


Ele é mesmo sem noção


Estava preso na domiciliar


Não conseguiu mais se explicar


A motocicleta era roubada


A sua boa fé era furada






Se na garupa ou no volante


Sei que fiz esse flagrante


Desse cara petulante


Que no crime não é estreante






Foi lavrado o flagrante


Pelo crime de receptação


Pois só com a polícia atuante


Protegeremos a população






A fiança foi fixada


E claro não foi paga


E enquanto não vier a cutucada


Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada






Já hoje aqui esteve pra testemunhá


A vítima, meu quase chará


Cuja felicidade do seu gargalho


Nos fez compensar todo o trabalho






As diligências foram concluídas


O inquérito me vem pra relatar


Mas como nesta satélite acabamos de chegar


E não trouxemos os modelos pra usar


Resta-nos apenas inovar






Resolvi fazê-lo em poesia


Pois carrego no peito a magia


De quem ama a fantasia


De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia






Assim seguimos em mais um plantão


Esperando a próxima situação


De terno, distintivo, pistola e caneta na mão


No cumprimento da fé de nossa missão
 
Créditos: http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/08/04/para-especialista-poesia-de-delegado-e-fraca-e-sem-ritmo.jhtm

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