A Faculdade Barretos, juntamente com o coordenador do Curso de Licenciatura em História da Faculdade Barretos, dão as Boas Vindas a todos os alunos para o ano letivo de 2012! Sejam Bem Vindos!
"Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Relatório de Análise Entre o Filme “1492 A conquista do Paraíso” com Base no Texto “A Conquista da América” de Tzvetan Todorov.

Em vários trabalhos Hollywoodianos nos deparamos com filmes que tentam de toda forma apresentar um acontecimento histórico para seus telespectadores. Porém, por incompetência, ou até mesmo falta de informação dos seus produtores, que muitas vezes contratam historiadores que muitas vezes não sabem do assunto, e isso atrapalha e muito a produção do filme. Eles tentam fazer filmes romancistas que são aqueles que mais vendem.
Mas, em outras ocasiões somos brindados com algumas apresentações de gala. São feitos filmes de uma categoria tão grande, e de uma grandeza de realidade tão infinita que as vezes fica até difícil imaginar.
Quando o cinema mostra um acontecimento histórico, ou narra a vida de um personagem histórico, o cinema aproxima do seu publico dos fatos históricos muitas vezes desconhecidos deles. Isso faz com que o filme desperte no seu espectador a vontade de conhecer mais a respeito do que ele está assistindo. Mas isso é complicado, como dito antes, existem muitas coisas boas, mas as coisas ruins ganham. As produções de péssima direção ganham estourado em Hollywood.
Neste texto irei tentar contrapor a idéia de Colombo segundo o filme 1492 – A Conquista do Paraíso (1992) de Ridley Scott, cineasta britânico que mostrou sua competência em diversos projetos; com o livro A Conquista da América, de Tizetan Todorov.
Depois de assistir o filme 1492 – A Conquista do Paraíso e fazer a leitura de várias partes do texto do livro de Tzetan Todorov por várias vezes, abaixo segue um pequeno comparativo entre filme e texto, que abordam cada um a seu modo, o mesmo tema, a conquista da América pelo europeu.
Porém antes de qualquer coisa devemos lembrar que o filme procura um retorno financeiro e sucesso e por isso tende sempre a omitir alguns fatos ocorridos, a romantizar a história e a tornar seus protagonistas heróis cheios de virtude acima do bem e do mal.
Então não seria diferente nesse filme. Vemos nele um Cristóvão Colombo cheio de virtudes e boas intenções. Ele era um conquistador cheio de compaixão e compreensão para com os índios. Mas aos lermos o texto de Todorov, notamos que o Colombo do filme difere e muito da imagem real. Nós tiramos essa comparação do fato de que o filme foi feito para a comemoração dos 500 anos do descobrimento da América. Sendo assim ele resolve retratar as virtudes de Colombo no filme e esquece as suas falhas humanas. Muitas dessas falhas que gerariam problemas com os nativos e erros de julgamento por parte do próprio Colombo.
No filme Colombo é apresentado como um idealista, que a qualquer custo quer realizar a viagem para o ocidente. Ele acredita que por lá ele chegará ao continente asiático. No filme Colombo questiona a igreja, uma vez que para ele o modo vigente é um obstáculo para a obtenção de conhecimento.
No filme sua prioridade seria descobrir uma rota para as Índias pelo ocidente, em conseqüência desse ato viria a catequização dos povos que lá vivem e por fim viria o ganho final que é o enriquecimento por meio das riquezas que lá existem. Porém ao lermos o texto de Todorov, notamos que Colombo desejava chegar as Índias, pois, para ele seria a melhor forma de encontrar o Grande Can. Pois assim ele iria converter o Grande Can e junto com ele e com o seu ouro, ele empreenderia uma Cruzada e devolveria a Terra Santa a Santa Igreja.
Já para o Colombo real, catequizar os nativos seria uma forma de enriquecer; pois seria muito mais fácil obter bens de povos catequizados.
Nos preparativos para a viagem o filme mostra bem o que deveria ser a véspera de uma viagem daquele porte naquela época. Temos toda uma manifestação religiosa que visava proteger os viajantes. Temos as despedidas dos que ficam para com os que vão. As cenas no mar também são bastante reais. Toda imensidão do oceano, as pequenas embarcações, a claustrofobia dos tripulantes, etc. Colombo afirma muitas vezes que vê terra firme, se enganando muitas vezes, até que por fim eles acham a terra firme. Isso porque Colombo vê o que lhe convém.
No filme a tripulação está desacreditada de chegar a  terra firme e quer voltar para Espanha. Mas quando avistam a terra se ajoelham ao chão e dizem “viemos aqui como exploradores, mas nos rendemos e nos curvamos ante a grandiosidade e a beleza deste lugar”. Neste momento tanto filme quanto texto concordam que Colombo ficou impressionado com tamanha beleza que viu no lugar. Isso fica claro em suas cartas aos Reis. Ambos também concordam que ele nomeou a terra de San Salvador. O texto fala da incrível capacidade de Colombo de por nome em todas as localidades recém descobertas. Tanto que ele não aceitava a nomeação dada por outras pessoas. Mas o mais marcante ainda é sua fascinação pela beleza do local recém descoberto. Ele se mostra um naturalista amador, fazendo anotações de tudo o que ele vê; aspectos de rochas, terras rochas, árvores, pássaros, incluindo neste relato inclusive os nativos. Mas somente por estes fazerem parte da paisagem.
No filme, temos um Colombo compreensivo com os nativos e até bondoso, pois tenta evitar que os mesmos sejam maltratados por seus comandados. Essa paz só se abala quando ele começa a questionar se lá existe ouro, e começa a duvidar dos nativos. Mas analisando o texto temos um Colombo que muitas vezes é contraditório com relação aos nativos. Muitas vezes suas impressões e seus relatos vão variar de acordo com o que ele via. Como sempre ele interpretava as coisas a sua maneira, isso gerava confusões para ele, e seus julgamentos muitas vezes não era preciso.
Ele acreditava entender a língua dos nativos, mas mais uma vez isso só acontecia pois Colombo assim desejava. Ele tentava associar uma palavra dita na língua nativa para uma palavra da língua espanhola. Ele em certos momentos que o índio era provido de inteligência pois tinha uma língua nativa, em outros momentos ele falava que não, que eles tinham que ser educados pois não sabiam nem falar.  Isso é evidente no filme no momento em que Colombo pede para que Utapal fale com ele e recebe a seguinte resposta: “você nunca aprendeu minha língua”.
Entre os colonizadores e os nativos foram instituídas trocas, onde Colombo percebeu que os nativos não tinham maldade, pois eles trocavam bens valiosos como peças de ouro por peças como pedaços de vidro, ou miçangas.
Uma outra coisa que ficou mal compreendida, é a questão de que aparentemente os nativos não possuíam noção de propriedade privada, e assim sendo eles pegavam as coisas uns dos outros. E quando os europeus chegaram eles praticam isso da mesma maneira, e foram taxados de ladrões, sendo piamente punidos. Tratados como bandidos, “Ladrões”.
Mas Colombo achava acreditava que os índios não possuíam uma religiosidade e que eles aguardavam até amistosamente a conversão ao cristianismo trazido por ele (Colombo). Porém, ao se deparar com tribos um pouco mais hostis, ele muda completamente sua opinião e passa a dizer que existe tribos boas e más. Sendo que as más, são passiveis de punição. Essa caracterização dos índios por Colombo se da exclusivamente por conta do seu ponto de vista, que nada mais é do que a correspondência a extremos relacionados a uma apreciação superficial sem desejo de conhecimento mais profundo.
No que concerne o filme, vemos um Colombo que recusa qualquer proposta de punição e castigo, humilhação e desonra, para com os índios. Punindo ele mesmo a pessoa que fizesse isso. Entretanto, já no texto de Todorov, vemos um Colombo que prática os mais perversos castigos, sendo muito cruel até mesmo com crianças e mulheres.
Ele até mesmo praticou a escravidão contra povos nativos quando não conseguia o tanto de ouro pretendido. Assim ele propôs o cativeiro a nativos, como forma de pagamento, pela quantidade de ouro que eles não conseguiam trazer. Isso fica claro no texto, pois existe até uma parte que ele fala da remessa de índios para Espanha. Mas índios convertidos eram poupados dessa selvageria e hostilidade.
Uma outra coisa que Colombo errou, foi ao crer que a conversão ao cristianismo seria algo fácil. Isso até aconteceu, mas foi muito difícil. Os nativos possuíam uma religiosidade muito grande e eram totalmente contrários a troca ou conversão. Há relatos de nativos que foram queimados em praças publicas por atentarem contra imagens cristãs.


Fontes:
Filme 1492 – A Conquista do Paraíso.

Título Original: 1492: Conquest of Paradise


Texto: A Conquista da América
Todorov, Tzvetan.
Martins Fontes Editora
São Paulo 1999




Artigo escrito pelo aluno Hassan Marra Jorge, do Curso de Licenciatura em História 
da Faculdade Barretos, para obtenção de nota, na matéria de História da Améria I.  

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