Uerj vai investigar se professor favoreceu orientandos em banca de concurso para docente

A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) decidiu nesta quinta-feira (19) investigar uma denúncia de que um professor teria favorecido dois de seus orientandos em uma banca para a seleção de novos docentes para o curso de medicina.
Segundo o médico e professor Raphael Câmara, que ficou em quarto lugar no certame, os dois primeiros classificados são orientandos do presidente da comissão organizadora, professor Marco Aurélio Pinho de Oliveira, chefe do departamento de ginecologia da Uerj. Além disso, o pai de Oliveira, docente aposentado da instituição, participou da banca.
A seleção foi feita preencher duas vagas de professor adjunto de ginecologia/obstetrícia e era preciso ter, no mínimo, doutorado na área. O salário previsto chega a R$ 5.294,08, por uma jornada de 40 h semanais.
“Denunciei por e-mail ao Ministério Público, na Ouvidoria, antes de o concurso terminar. Parece que minha queixa foi para a [Promotoria da] Infância e Juventude, uma confusão que fizeram por lá, ainda não obtive nenhuma resposta” afirma o médico.
“Amigo”

Oliveira não desmente as afirmações de Câmara –a quem considerava um “amigo” – e diz que se surpreendeu com o descontentamento do colega. No passado, afirma, o havia orientado, além de ter participado de sua banca de doutorado e escrito artigos junto com ele.
"São meus orientandos os dois primeiros classificados, mas sinceramente não entendo a posição do doutor Raphael. Todos os sete candidatos deste concurso, especificamente, têm alguma relação com a Uerj e comigo, por eu fazer parte do corpo docente da instituição. O estranho foi ele, 'tão gabaritado', ter perdido para candidatos mais jovens, que tiveram um melhor desempenho”, disse Oliveira. Ele afirma que é uma “coincidência” ter o nome do pai como representante da universidade na banca do processo seletivo.

Processo administrativo

O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, disse ao UOL que o concurso pode ser até anulado. “Se for constatado que houve má-fé e irregularidades, o concurso será anulado. Do contrário, o concurso será homologado. O caso, em última instância, será julgado pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da Uerj”, disse o reitor, que também informou que o candidato que se sentiu lesado também pode entrar com recurso na respectiva unidade, no caso a Faculdade de Ciências Médicas.
Procurado pela reportagem do UOL Educação, o Ministério Público do Rio informou que a denúncia feita por Raphael, pela ouvidoria, ainda não foi designada para nenhum promotor –o que deve acontecer até o início da semana que vem.

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