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Os agentes da repressão se autodenominam patriotas que apenas cumpriram ordens, que usaram táticas de guerra para salvar o país do comunismo. Para um outro Brasil são frios torturadores e, muitas vezes, assassinos, que sob o pretexto de combater diferentes visões políticas, lançaram o país em uma barbárie sem precedentes na historia nacional. Quem são eles? O que pensam? Como convivem com atos que cometeram? Não se trata da luta do bem contra o mal. Se trata da história de uma época que ainda está longe de cicatrizar, com suas contradições, heroísmos ingênuos, manipulações, traições e abusos.
31 de março de 1964. O Brasil mergulha no período mais sombrio de sua história. Uma junta militar promove o golpe e todos os brasileiros perdem os seus direitos civis. Entre 1964 e 1985, o Brasil é governado pelos militares. Durante esse período, as instituições democráticas sofrem restrições. As liberdades individuais são limitadas e a imprensa censurada.O Ato institucional nº 5 fecha o Congresso, caça o mandato de políticos e suspende as garantias constitucionais. Por uma década, o AI 5, de dezembro 1968, marca o inicio da fase mais feroz dos 21 anos de ditadura.
Segundo estimativas de ongs e órgãos não oficiais e pesquisadores entre 500 e 700 militares estão na lista de pessoas acusadas da prática de tortura durante o regime militar. As informações são sempre desencontradas. Abrir os arquivos da ditadura e punir ainda é delicado demais para uma nação, onde tentam conviver uma presidente que foi guerrilheira presa e torturada e setores das forças armadas, que ainda conservam rastros, discretos ou não, da máquina que um dia se dedicava a reprimir a qualquer preço.
Durante três meses percorremos o Brasil atrás dos agentes da máquina de repressão. Apesar de todas evidências que incluem relatos detalhados de vítimas, nas conversas informais a imensa maioria nega a imprensa que um dia torturou e a serviço do regime militar. Até descobrirmos em Porto Velho, num Brasil totalmente afastado dos grandes centros, o agente especial da Polícia Federal dos anos de chumbo, que mesmo acusado de cometer atrocidades tem orgulho do que fez. Ele aceita contar o seu lado da história. João Lucena Leal é um homem que conhece como poucos os porões da ditadura. A memória dele mostra-se impecável, mas a saúde está visivelmente abalada, consequência de de um recente ataque do coração. Dificil imaginar que por trás do jeito bonachão, se esconde um agente que segundo suas vítimas, torturava impiedosamente para conseguir as informações que o regime queria. Foram dois dias acompanhando seus passos. Pelo menos quatro horas de conversas gravadas. Momentos tensos, angustiantes e reveladores. Ele é capaz de narrar seus atos como agente da ditadura com coragem, sinceridade e riqueza de detalhes e, minutos depois, mudar a expressão e passar a negar tudo.
João Lucena Leal era o agente Lucena da Policia Federal de Fortaleza, durante a ditadura militar. Frio e implacável era sempre escalado para as missões especiais. Comandava os trabalhos para extrair de presos politicos as informações. Não media esforços ou limites. Orgulha-se do cumprimento rigoroso das missões. Por isso foi escolhido para missões espinhosas como sequestros. Testemunhou e participou diretamente dos momentos mais criticos dessa época. Em Fortaleza, localizamos os que acusam João Lucena Leal de praticar atos impensáveis de tortura. Locais, documentos e depoimentos resgatam dias sombrios.
A definição de tortura nos dicionários é auto-explicativa de um período da história do Brasil. Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura. A tortura é caracterizada com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira
Coronel Sebastião Curió também foi um personagem importante da época da ditadura. Foi o militar que comandou as operações no Araguaia. Na época, capitão e depois major do exército, foi homenageado pelo governo militar pela vitória contra a guerrilha comunista, mas seus inimigos o chamam como o carrasco do Araguaia. Um homem capaz de torturar e executar prisioneiros. Nós o localizamos em sua casa em Brasília. No início se nega a dar entrevista. Depois, desoluto, aceita contar o seu lado da história. Mostra orgulhoso condecorações por bravura. E então começa a revelar os segredos do Araguaia. As questões mais incômodas o tiram de seu ponto de equilíbrio.
Brasília, fim de uma tarde de março. Numa casa confortável encontramos com o homem reconhecido como uma das principais faces dos 21 anos do governo militar. Jarbas Gonçalves Passarinho, 91 anos. Durante 29 anos atuou como militar, chegou a tentente coronel e 32 na vida pública. Mostra orgulhosamente as medalhas de quem serviu a todos os governos militares. Na época era considerado um super ministro. Jarbas Passarinho foi signatário do polêmico AI5, símbolo de uma era de repressão. Ele conhece como poucos os anos da ditadura. O milagre brasileiro, o AI 5, a tortura, a guerrilha, a máquina da repressão. Ele não se esquiva de nenhuma dura questão.
Fonte: http://www.sbt.com.br/conexaoreporter/reportagens/reportagem.asp?id=49&t=Mem%F3rias+de+Um+Agente+da+Repress%E3o
A Faculdade Barretos, juntamente com o coordenador do Curso de Licenciatura em História da Faculdade Barretos, dão as Boas Vindas a todos os alunos para o ano letivo de 2012! Sejam Bem Vindos!
"Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)"
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