A Faculdade Barretos, juntamente com o coordenador do Curso de Licenciatura em História da Faculdade Barretos, dão as Boas Vindas a todos os alunos para o ano letivo de 2012! Sejam Bem Vindos!
"Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Menos lousas, melhores professores, por Rodrigo Galvão de Castro

Um projeto recentemente adotado em uma escola americana mostrou o quanto alunos podem ser eficientes no processo de ensino e aprendizagem – especialmente quando a eles é dada a oportunidade de tomar decisões, de sentirem que estão sendo ouvidos e de que fazem parte fundamental do processo em vez de estarem ali como meros espectadores. Em uma cidade de Massachussets, alunos do ensino médio de uma escola pública foram convidados a criar uma “escola dentro da escola”, isto é, elaborar uma grade de disciplinas e atividades que melhor atendesse às suas expectativas. Eles contaram um orientador e eventualmente buscavam a orientação de professores, acompanhavam a caminhada dos próprios colegas na escola e lhes davam retorno. Entre as atividades eles definiram o programa escolar, escolheram obras literárias, desenvolveram estratégias, táticas e ações de aprendizado com base em processos de investigação de ciências naturais, geometria e outras disciplinas. Paralelamente, assumiram tarefas individuais (que poderiam ser de aprender um instrumento a fotografia) e sociais. Por fim, diante da percepção de como as experiências se mostraram transformadoras, realizaram um filme para mostrar a outros estudantes que é possível atuar positivamente na construção da própria educação. Dos quatro envolvidos no programa (chamado Projeto Independente), dois estavam prestes a abandonar a escola antes do início. Retomaram os estudos e vão concluí-los. Outros dois se preparam para tentar obter vagas em faculdades extremamente competitivas. Não há grandes segredos no que eles – alunos, o orientador e professores - fizeram. É a receita básica composta por boa vontade, criatividade, empenho e objetivos. É assim que deveria ser em educação, especialmente diante de situações como evasão, desinteresse e retenção (outro nome para a velha repetência ou “bomba”). É isso que faz a diferença. Não são computadores, a distribuição de notebooks para os alunos ou lousas digitais compradas a peso de ouro. A diferença é que bons programas podem custar muito mais caro e dar muito mais trabalho do que se pretende em termos políticos, pois o foco do investimento são as pessoas envolvidas no processo e os efeitos costumam demorar mais tempo para aparecer do que o tempo decorrido entre uma eleição e outra. O que faz valer a pena é a melhoria contínua, no longo prazo e com resultados perenes. Em educação, resultados aparecem a partir de uma combinação razoavelmente simples de entender: professores bem remunerados, boas condições de trabalho e investimento pesado em qualificação. Tudo isso devidamente acompanhado por cobrança de metas e resultados e, claro, por um acompanhamento que também exija do professor aquilo que é esperado dele – dedicação e comprometimento absolutos com a sala de aula. Nada disso acontece, no entanto, quando se prioriza o investimento de milhões de reais em apostilas que podem ser facilmente substituídas por livros gratuitos e de qualidade; quando equipamentos eletrônicos ganham prioridade em detrimento de professores, cujas carreiras seguem sem planejamento ou perspectiva; e quando o que se vê são desencontros no lugar de um programa sólido e factível para melhorar o que há de mais importante em qualquer país – a educação básica. O próprio ofício de professor não pode ser encarado como ainda o é por alguns colegas, como um “a mais” na carreira ou uma opção para quem não consegue se colocar em outras funções no mercado de trabalho. Essa dedicação exclusiva, no entanto, só será possível e real quando a carreira estiver consolidada o suficiente para atrair os melhores profissionais disponíveis.


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