A Faculdade Barretos, juntamente com o coordenador do Curso de Licenciatura em História da Faculdade Barretos, dão as Boas Vindas a todos os alunos para o ano letivo de 2012! Sejam Bem Vindos!
"Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem. (Bertold Brecht)"

sábado, 9 de abril de 2011

As várias faces do Bullying

A exemplo do último acontecimento de violência na Escola Municipal Tasso da Silveira no Rio de Janeiro, percebemos níveis tão complexos que envolvem e geram a violência, e como esta é mascarada a tal ponto, que não somos capazes de reconhecê-la se analisarmos somente os aspectos superficiais dos fatos que envolvem a sociedade.
 

Entenda o caso:

Wellington Menezes de Oliveira de 23 anos, na manhã do dia 07 de abril, disfarçado de palestrante entra na Escola municipal Tasso da Silveira na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e atira a queima roupa em uma sala de aula lotada, ferindo 20 crianças que estão hospitalizadas, matando outras 12. Em seguida suicidou-se.
Wellington ex aluno da escola, durante toda sua vida escolar sempre foi taxado como "estranho", devido a sua dificuldade de socialização e por ser bastante introvertido. Atualmente ele sofria de distúrbios psicológicos, deixou uma carta fazendo alguns relatos estranhos, de como seu corpo deveria ser tratado, e para quem sua casa deveria ficar. E segundo relatos de sobreviventes atirou para matar preferencialmente nas meninas, e um relato ainda mais curioso diz que o assassino poupou a vida de um dos alunos, dizendo a seguinte frase: Fica calmo "Gordinho" não vou te matar.

Analise  pessoal:

Este recente acontecimento gerou uma revolta na sociedade em relação a atitude de Wellington, que assassinou brutalmente crianças inocentes. Revolta compreensível por parte dos amigos, familiares e de todo colégio.
Porém sensacionalista por parte da mídia que gera até um falso moralismo da sociedade, e um senso comum de que pessoas com as características parecidas a de Wellington, introvertido, calado e com dificuldades de socializar-se, tendem a ter problemas psicológicos e em conseqüência cometer atrocidades como essa. Esse tipo de  mentalidade só faz aumentar a divisão de grupos sociais nas escolas, bairros, entre outros, gerando ainda mais o preconceito, hostilização e o desprezo em ambientes que deveriam educar os cidadãos, e não constrange-los.
De certa forma passam uma falsa idéia que as pessoas que não se encaixam em perfis da grande maioria, são estranhas ou anormais,o que gera o tão falado Bullying, e que dependendo da formação psicológica e estrutura familiar da vítima, se converte em tragédias como a da escola no Rio.
Não é correto afirmar que ao sofrer essa violência moral, o indivíduo deve-se fazer "justiça" com a violência física. Entretanto devemos analisar os fatos em todos os seus aspectos, "os dois lados da moeda" para não cairmos no erro de explicar os acontecimentos superficialmente.
No caso citado acima, é fácil afirmar que o jovem cometeu os assassinatos por possuir distúrbios psicológicos. E é fácil se revoltar ao ponto de taxá-lo como monstro,mas não analisamos profundamente a situação.
Ocorreu um fato, o assassinato em massa de crianças inocentes, por um jovem,ex aluno da escola. A questão é: Porque ele cometeu este crime? Em que circunstâncias ele viveu durante seus estudos neste colégio? Que fatores influenciaram sua mente  para uma atitude brutal como esta? Até que ponto uma simples zoação afeta a mente da criança e do adolescente, desencadeando sucessivos distúrbios que terminam em tragédias? São reflexões assim que a sociedade deveria fazer em relação ao acontecimento da última quinta-feira. Pensar e perceber que uma atitude negativa ou positiva da sociedade diante de um indivíduo, pode ser decisiva na sua formação psico-socio-cultural.
Porque a sociedade se choca tanto com violências físicas desse tipo? E se naturaliza tanto com a violência moral a tal ponto, que convivemos diariamente com ela, sem a consciência de que seus efeitos são tão devastadores quanto a violência física.
Porém são efeitos silenciosos, de longo prazo, que fazem ainda mais vítimas no desenrolar da vida. Uma bola de neve que se inicia com uma simples zombação, mas que pode afetar dolorosamente a mente do ser humano, atitude aparentemente inocente, mas que  influencia direta e indiretamente a vida das pessoas.
Relatos impressionantes de jovens garotas, que para não serem vítimas do Bullying, se submetem a cirurgias de redução de estômago, visando emagrecer e não serem taxadas de "gordinhas".
Até que ponto o ser humano chegou? A alienação e a busca insana de adequar-se a um tipo ideal de vida, aparência ou princípios, temendo o desprezo da maioria, do grupo dominante. Essa busca que gera tantos problemas psicológicos, stress e que a sociedade encara como algo normal, natural.
A reflexão, o pensar por si mesmo e não acomodarem-se na mesmice do senso comum, sensacionalismo e aceitação de atos não naturais, cotidianos, é um dos ingredientes fundamentais para de fato começarmos a compreender os problemas que assolam tanto os jovens.
Nota-se que ao passo que avançamos com extrema rapidez tecnologicamente, cientificamente, fruto da racionalidade e inteligência humanas tão valorizadas, regredimos ao mesmo nível humanisticamente, socialmente.
Nada adianta tanta sabedoria em certos aspectos, se os seres humanos estão cada vez mais desumanos.


Gabriela J. Aiello
Licenciatura
em História

"Gabriela é aluna do 1º ano do Curso de História da Faculdade Barretos"

2 comentários:

  1. É até complicado falar do que aconteceu no Rio. Agora falam até em desarmamento novamente. Eu pessoalmente acho que aquilo foi uma fatalidade. Não tinha como evitar, ele ia fazer aquilo de um jeito ou de outro.
    Dizer que o cara é um louco, psicopata, também discordo. De fato ele tinha problemas, mas não era um doido. Ele era um descontrolado. É diferente.
    E agora querer colocar detector de metais na porta das escolas. Gente isso não funciona. Não funciona mesmo.
    O negocio é investir na educação dessas crianças, para que elas não cometam o tão chamado bullying, que eu mesmo sofri, muitas vezes até sei lá quando...
    Isso é que pode evitar essas tragédias.

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